CONGRESSO INTERNACIONAL DE CATEQUESE
Roma, 26 de Setembro de 2013
Hoje teve início o Congresso Internacional de Catequese na cidade do Vaticano, com o tema: O Catequista, Testemunha da Fé, com a participação de 51 países dos cinco continentes. Ainda não temos preciso o número de brasileiros, mas acreditamos que chega a uma média de 40 pessoas entre bispos, padres, religiosas e catequistas. A abertura do congresso foi presidida pelo Secretário do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Octavio Ruiz Arenas. Foram lembrados os 50 anos do Concílio Vaticano II e os 20 anos do Catecismo da Igreja Católica.
A Igreja transmite uma fé viva e teve a sua maturação e
crescimento através da catequese, e por isso reconhece que os catequistas são
testemunhas vivas desta fé. A catequese é uma escola da fé, e no encontro
pessoal com Jesus Cristo os catequistas entendem que são chamados a evangelizar
pela Igreja e devem comunicar com fidelidade a vida e a doutrina de Jesus. E
esta evangelização não pode ser isolada, devemos ter ousadia com humildade.
Como afirma o Papa emérito Bento XVI: “o coração da pessoa precisa ser aberto
para a experiência com Deus, a Evangelização precisa chegar ao coração de cada
pessoa. É pelo coração que o Espírito chega ao mundo.” Os frutos da obra
da catequese, são obras do Espírito. É o
Espírito que educa na fé. A fé não se adquire apenas pela comunicação dos
catequistas, mas sim pela sua espiritualidade e comunhão eclesial. A catequese
é um testemunho que nos leva à santidade. É necessária uma formação permanente para os catequistas
precisamos construir Centros de Formação
para que os catequistas aprofundem a fé, a fim de que todos possam aprender
sobre Jesus Cristo. Foi apresentado um filme sobre o CREDO.
A introdução ao Congresso foi feita pelo Presidente do
Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella
com o tema: A catequese no contexto da
nova evangelização. Na exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi no número 44
afirma que uma via que não há de ser descuidada na evangelização é a do ensino
catequético. A inteligência nomeadamente a inteligência das crianças e a dos
adolescentes, tem necessidade de aprender, mediante um sistemático ensino
religioso, os dados fundamentais, o conteúdo vivo da verdade que Deus nos quis
transmitir, e que a Igreja procurou exprimir de maneira cada vez mais rica, no
decurso da sua história. Depois, que um semelhante ensino deva ser ministrado
para educar hábitos de vida religiosa e não para permanecer apenas intelectual,
ninguém o negará. E fora de dúvida que o esforço de evangelização poderá tirar
um grande proveito deste meio do ensino catequético, feito na igreja, ou nas
escolas onde isso é possível, e sempre nos lares cristãos; isso, porém, se os
catequistas dispuserem de textos apropriados e atualizados com prudência e com
competência, sob a autoridade dos Bispos. Os métodos, obviamente, hão de ser
adaptados à idade, à cultura e à capacidade das pessoas, procurando sempre
fazer com que elas retenham na memória, na inteligência e no coração, aquelas
verdades essenciais que deverão depois impregnar toda a sua vida.
É preciso responder não o quando Evangelizar, mas como
evangelizar. O anúncio é primordial para a Evangelização. Paulo VI aponta a
famosa expressão do homem contemporâneo, sobre o horizonte da nova cultura, onde
a cultura da imagem não pode predominar sobre a cultura da palavra, a partir
desta realidade é preciso recuperar o valor da homília, pois a catequese está
inserida no mundo, na liturgia, palavra de Deus que é anunciada. A Igreja tem
como primeira missão a evangelização. A catequese não deve subestimar a força
do anúncio. A catequese supõe a evangelização, a Igreja sempre evangelizou, sem
evangelização não há Igreja, a sua natureza é Evangelizar.
A partir das atuais necessidades a Igreja é chamada a evangelizar
em várias realidades e contextos diferentes, levando em conta: a rapidez das
informações, o domínio da técnica, o analfabetismo religioso, a falta de
identidade crente, a perda de pertença a Igreja, a crise dos batizados nos
contextos eclesiais, a fuga do sacramento do matrimônio por vergonha de
manifestar a fé cristã, uma fé fraca... A catequese marca um momento central da
História da Igreja. A catequese não só faz os cristãos, mas ajuda os fiéis a
aprofundar a própria identidade.
Aconteceu a Lectio Divina do texto de Lc 24,13-35 conduzida
pela Prof. Bruna Costacurta, diretora do departamento de Teologia Bíblica da
Pontifícia Universidade Gregoriana.
Foram destacados cinco pontos:
1. O texto
narra a descoberta do túmulo vazio. O dia 1 a luz faz uma analogia com o nosso
domingo, uma ligação com o livro do Gênesis, o projeto divino da criação.
Início dos novos tempos. A luz da ressurreição ilumina a vida. Mas a luz ainda não é total. O sinal do
túmulo vazio ainda é um mistério. A fé dos discípulos precisa de uma
experiência íntima que toca o coração.
2. A partir
da situação de todo um contexto inexplicável de procura: dois discípulos
desconhecidos; se sabe pouco sobre eles, presenciaram acontecimentos dolorosos
e misteriosos. Eles estavam às escuras, a luz pascal não tinha ainda os
atingido.
3. Jesus se
faz companheiro de caminhada. Jesus não aparece com respostas prontas, respeita
o tempo deles, caminha com eles e aguarda o tempo certo para revelar-se.
4. A
tristeza os cega, o anúncio e a catequese são importantes para abrir o coração,
Jesus abre o coração, sua catequese inicia com uma pergunta, explicita a
própria tristeza, é preciso responder com as escrituras. A catequese precisa
das escrituras, pois aí estão as respostas.
5. Abrir-se
ao encontro pessoal com Deus. Eles não queriam permanecer sozinhos porque já
era tarde. Percebem o gosto da verdade, os olhos e o coração O percebem. Na
fração do pão, na Eucaristia podemos reconhecer que Jesus é o ressuscitado.
Ainda hoje existe violência, dor, porém o Reino está aí, Jesus ressuscitou e
precisamos levar este anúncio como catequistas, sentindo os nossos corações
arder. Esta é a importância da Nova Evangelização. Jesus é o mestre
que educa a fé. Jesus tornou-se companheiro do caminho, permite que apresentem
os problemas e manifestem suas dúvidas, o processo de conversão passa por todos
os profetas. A Nova Evangelização deve revelar Jesus.
A primeira conferência foi conduzida pelo Dr. Petroc Willey,
vice-diretor do Instituto Maryvale, com o tema Deus procura o homem e se
revela. A Revelação é a fonte da catequese. Através da parusia, que significa
falar tudo sem esconder nada, confiança filial. O Pai fala tudo sobre si. O
Filho escolhe revelar o Pai. Deus se fez conhecer através da sua esposa; a
Igreja. Como catequistas devemos lembrar que o ensinamento é de Jesus e não
nosso. O catequista precisa ensinar algo que lhe foi revelado. Ensinar com
simplicidade, clareza, coragem. Cristo ensina, o catequista é o porta voz de
Cristo.
A segunda conferência foi proferida pelo Pe. Manuel José
Jiménez Rodríguez, Capelão da
Universidade Nacional da Colômbia e Assessor do Departamento de Catequese da
Conferência Episcopal Colombiana com o tema: Igreja primeiro lugar da fé. A fé
é dom de Deus. A fé é ato pessoal. A Igreja transmite a fé. A fé é ato
eclesial, a Igreja é a primeira que crê. A fé nasce da Igreja conduz e alimenta
a fé pessoal. É preciso crer em Deus eclesialmente. Na Igreja cada crente se
converte e conduz à Igreja, o encontro com
Cristo conduz a fé, que não é para ser guardada, mas testemunhada. A
eclesialidade da fé é teológica e pedagógica. A pedagogia catequética deve ter
a dimensão eclesial comunitária. Não há fé autêntica sem prática na Igreja, a
comunidade é o lugar da fé.
**Pe. Eduardo Calandro, Pe.Jordélio Siles Ledo, css, Pe.Guilherme Micheletti, Cleide Scucel, Maria
Cristina Teles Nascimento, Michelly Fleming dos Santos.
_______________________________________________________________________________
Roma, 27 de Setembro de 2013
Hoje foi um dia intenso e maravilhoso, pois no final do
congresso tivemos a presença simples e afetuosa do Papa Francisco que nos
trouxe uma mensagem de uma Igreja catequética itinerante, que não pode ter medo
de ir às periferias, pois ali Deus está. Que
não deve se fechar, mas se colocar na estrada, preferindo correr o risco
de acidentes, do que viver fechado, que pode conduzir a uma Igreja doente.
Com a conferência: “Memória Fidei”: O dinamismo do ato da fé
(memória, evento, profecia) realizada pelo Prof. Pe. Pierangelo Sequeri,
Presidente da Faculdade Teológica da Itália (Milão) nos foi apresentado que a
memória Jesus é o primeiro e fundamental elemento constitutivo da memória fidei
da Igreja, transmitida de geração em geração e anunciada em todos os cantos da
terra: Na confissão da fé, na celebração
dos sacramentos, no caminho das
comunidades, na pregação. É impossível comunicar a fé cristã em Deus sem
alargar a memória evangélica de Jesus e a memória apostólica da fé N’Ele. (DV
5-6)
Foram destacados alguns pontos:
1- A memória
Jesus como princípio e norma: a revelação como evento inclusivo da fé apostólica;
2- A memória
fidei como argumento da lealdade intelectual e da coerência teológica da
didaskalia;
3- A escritura evangélica como dispositivo metodológico da correlação da história de
Jesus e o acesso à fé;
4- Memória,
didaskalia, profecia. O exercício da esperança dos seus fiéis a cerca do evento
de Deus na história.
A conferência proferida pelo Pe. Robert Dodaro, O.S.A.,
Presidente do Instituto Patrística Agostiniano da Pontifícia Universidade
Lateranense, teve por tema “Traditio e Redditio Symboli”. O nosso sim a Deus.
Nos fez refletir sobre a questão de como se pode pensar a tradição da Igreja
com métodos e linguagens adaptados ao tempo e a cultura em que vivemos. Esta
questão ilustra duas aplicações da antiga doutrina retórica grega e latina da
propriedade lingüística como uma técnica sistematicamente empenhada pelos
padres da Igreja.
No campo catequético é preciso adaptar o ensino da Igreja à
condição atual das pessoas de hoje. Superando o estilo e o monopólio e
influência retórica da mídia moderna que prevalece sobre a mensagem cristã.
A Igreja não precisa criar meios de
comunicação para competir com a “mass mídia”, mas precisa conhecer a técnica e
adaptar sua linguagem, anunciando a mensagem cristã. Somente assim se pode
transmitir um ensino católico e comunicar com sucesso a imagem do Deus amor.
A conferência “Credibilidade da fé: O retorno da fé a razão
da transmissão da fé”, proferida pelo Pe. Krzysztof Kauch docente de teologia
fundamental de Lublino, Polônia. Nos apresentou
sua reflexão a partir de dois pontos. A relação entre fé, razão e
ciência. A explicação do Papa João Paulo II sobre a crescente secularização.
Não é a fé da Igreja que deve se adaptar ao hoje, mas a cultura ocidental moderna que deve se
renovar, que necessita de um novo espírito, uma nova esperança para sobreviver.
“Por uma Pedagogia do ato da fé” proferida pela Dra. Jem
Sullivan, docente de catequética na Pontifícia Faculdade da Imaculada Conceição
da Casa Dominicana de Estudos – Washington destacou que a catequese, enquanto
comunicação da divina revelação, se inspira radicalmente na Pedagogia de Deus,
de Cristo e da Igreja.
“Traditio Verbi: Harmonia entre Escritura, Tradição e
Magistério” com o Pe. Alberto Franzini, pároco em Cremona, Itália. Nos apontou
o tema da natureza da revelação nos seguintes tópicos:
1- A
natureza da revelação segundo a Dei Verbum;
2- Revelação
e Igreja
3- Tradição
e Escritura
4- Igreja e
Magistério
Com o Prof. Joel Molinário, teólogo e diretor do Instituto
Superior de Pastoral Catequética de Paris, refletimos sobre o tema da “Acolhida
do Catecismo da Igreja Católica na Catequese. Experiências e critérios para uma
plena reinserção”. A partir do Concilio Vaticano II, do ano da fé e do Sínodo
sobre a Nova Evangelização refletiu alguns pontos:
1- O CIC e o
Vaticano II;
2- O CIC e o
Ano da Fé;
3- O
CIC e a Nova Evangelização.
O professor Joel mal conseguiu terminar de proferir sua
fala, pois o Papa Francisco apareceu no fundo da sala Paulo VI antes do horário
previsto provocando uma grande agitação em toda assembléia, com jeito
descontraído andou pelo corredor e cumprimentou a todos por mais de 25 minutos.
Segue abaixo o seu discurso.
DISCURSO DO PAPA FRANCISCO
Eu gosto desta idéia do Ano da Fé, um encontro para vocês,
catequistas. Eu também sou catequista! A catequese é um dos pilares para a
educação da fé, e é preciso bons catequistas! Obrigado por este serviço à
Igreja e na Igreja. Embora às vezes pode ser difícil, vocês trabalham demais,
vocês se envolvem e nem sempre vêem os resultados desejados, o processo de
educação na fé é lindo! É talvez o melhor legado que podemos deixar: a fé!
Educar na fé, é importante porque você cresce. Ajudar as crianças, jovens, adultos a conhecer e a amar o Senhor
mais e mais. É preciso "Ser" catequistas! É vocação. Não é um
trabalho que se espera algo em troca: isso não precisa! Eu trabalho como
catequista, porque eu amo ensinar... Mas se você não é catequista, não é! Você
não será frutífero, não pode ser frutífero! Catequista é uma vocação: "ser
catequista", esta é a vocação, não funcionam como catequista. Lembre-se,
eu não disse "fazer" os catequistas, mas o "ser", pois
envolve a vida. Você dirige para o encontro com Cristo em suas palavras e vida,
com o testemunho. Lembre-se que Bento XVI nos disse: "A Igreja não cresce
por proselitismo. Ela cresce por atração ". E o que atrai testemunha. Ser
catequista é dar testemunho da fé, ser coerente na sua vida. E isso não é
fácil. Não é fácil! Nós ajudamos, nós dirigimos ao encontro com Cristo em suas
palavras e vida, com o testemunho. Eu gostaria de lembrar que São Francisco de
Assis disse a seus irmãos: "Pregar o Evangelho sempre e, se necessário,
com as palavras." As palavras são..., mas antes o testemunho: que as pessoas
vêem em nossas vidas do Evangelho, pode ler o Evangelho. E "ser" pede
catequistas para amar, o amor mais forte e mais difícil de Cristo, o amor de
seu povo santo. E este amor não pode ser comprado em lojas, não se compra, aqui em Roma. Esse amor vem de Cristo!
É um dom de Cristo! E se se trata de Cristo começa com Cristo e devemos
recomeçar a partir de Cristo, por meio do amor que Ele nos dá, o que isso
significa Partir de Cristo para os catequistas, para você, para mim, já que sou
um catequista? O que isso significa?
Vou falar sobre três coisas: um, dois e três, como fizeram
os antigos jesuítas... um, dois, três!
1. Primeiro de tudo, recomeçar a partir de Cristo significa
estar familiarizado com Ele, ter essa familiaridade com Jesus: Jesus recomenda
aos seus discípulos na Última Ceia, quando você começa a viver o maior dom do
amor, do sacrifício da Cruz. Jesus usa a imagem da videira e dos ramos e diz
permanecereis no meu amor, fique ligado em mim, como um ramo está ligado à
videira. Se estivermos unidos a Ele, podemos dar frutos, e esta é a
familiaridade com Cristo. Permanecer em Jesus! É um apegar a Ele, n'Ele, com
Ele, falando com ele: permanece em Jesus.
A primeira coisa que um discípulo deve fazer, é estar com o
Mestre, ouvi-lo, aprender com ele e isso é sempre, é uma jornada que dura a
vida inteira. Lembro-me muitas vezes que na diocese que eu tinha antes, eu vi
no final dos cursos muitos catequistas
que saíram dizendo: "Tenho o título de catequista". Isso não
ajuda, você não tem nada, você fez uma pequena rua! Quem vai te ajudar? Isto é
verdade para sempre! Não é um título, é uma atitude: para estar com Ele, e dura
uma vida! É um ficar na presença do Senhor, que Ele olha eu pergunto: Como é a
presença do Senhor? Quando você vai para o Senhor, olhe para o Tabernáculo, o
que você faz? Sem palavras... Mas eu digo, eu digo, eu acho, eu medito,
sinto-me... muito bemm! Mas deixe-se olhar pelo Senhor? Vejamos o olhar do
Senhor. Ele olha para nós e esta é uma maneira de rezar. Você deixa-se olhar
pelo Senhor? Mas como? Olhe para o Tabernáculo, e deixe-se olhar... é simples!
É um pouco "chato, eu caio no sono... Dormindo, dormindo! Ele vai olhar
para você mesmo. Mas você tem certeza de que Ele está vendo você! E isso é
muito mais importante do que o título de catequista: é parte do Ser catequista.
Isso aquece o meu coração, mantém o fogo da amizade com o Senhor, Ele faz você
sentir que o Senhor realmente olha, está perto de você e te ama. Em uma das
visitas que eu fiz, aqui em Roma, em uma missa, aproximou-se um homem,
relativamente jovem, e me disse: “Papa, prazer em conhecê-lo, mas eu não
acredito em nada! Eu não tenho o dom da fé”. Ele entendeu que era um presente.
"Eu não tenho o dom da fé! O que ele me diz?". Respondi: "Não
desanime. Ele ama você. Deixe-se olhar por Ele! Nada mais." E eu digo isso
a vocês: olhem para o Senhor! Eu entendo
que para vocês não é tão fácil, especialmente para aqueles que são casados e
têm filhos, é difícil encontrar um tempo para se acalmar. Mas, graças a Deus,
não é necessário fazer tudo da mesma forma, há variedade de vocações na Igreja
e variedade de formas espirituais, o importante é encontrar uma forma adequada
para estar com o Senhor , e isso pode ser, você pode em todos os estados de
vida. Neste momento, todos podem perguntar: Como posso viver este
"estar" com Jesus? Esta é uma pergunta que eu deixo para vocês:
"Como posso viver e estar com Jesus, este permanecer em Jesus?".
Tenho momentos em que eu vou ficar na sua presença, em silêncio, eu me deixei
olhar por Ele? Ele é fogo que aquece o meu coração? Se em nossos corações há o
calor de Deus, seu amor, sua ternura, como podemos nós, pobres pecadores,
aquecer os corações dos outros? Pense sobre isso!
2. O segundo elemento está presente. Em segundo lugar,
começar de novo a partir de Cristo significa
imitá-lo, ir ao encontro do outro. Esta é uma bela experiência, e um
pouco algo de “paradoxal”. Por quê? Porque aqueles que colocam Cristo no centro
de suas vidas, está fora do centro! Quanto mais você se junta a Jesus, Ele se
torna o centro de sua vida, mais Ele faz você sair de si mesmo, você
descentraliza e abre para os outros. Este é o verdadeiro dinamismo do amor,
este é o movimento do próprio Deus! Deus é o centro, mas é sempre o dom de si,
o relacionamento, a vida que se comunica... Também nos tornarmos assim, se
permanecermos unidos a Cristo, Ele nos faz entrar nesta dinâmica de amor. Onde
há vida verdadeira em Cristo, há abertura para o outro, não há nenhuma saída de
si para chegar aos outros em nome de Cristo. E este é o trabalho do catequista:
sair continuamente de si, vencer o amor-próprio, para dar testemunho de Jesus e
sobre Jesus e pregar Jesus. Isto é importante porque é o Senhor: é o Senhor que
nos leva a sair.
O coração do catequista sempre vive esse movimento de
"sístole - diástole": a união com Jesus - o encontro com o outro. São
duas coisas: eu me juntar a Jesus e ir para o encontro com os outros. Se pelo
menos um desses dois movimentos já não bater, não conseguem viver. Recebe o dom
do kerygma, e por sua vez, oferece um presente. Esta pequena palavra: presente.
O catequista tem consciência de que recebeu um dom, o dom da fé e dá-la como um
presente para os outros. E isso é lindo. É puro dom: o dom recebido é um
presente enviado. E lá está o catequista, nesta intersecção de presente. É
assim na própria natureza do querigma é um dom que gera missão, que sempre
empurra para além de si. São Paulo disse: "O amor de Cristo nos
impele", mas que "nos impele" também pode ser traduzida como
"nós temos". É assim: o amor atrai e envia, leva-o a dá-lo aos
outros. Nesta tensão move os corações de todos os cristãos, especialmente o
coração do catequista. Todos nós perguntamos: é assim que meu coração bate:
união com Jesus e de encontro com o outro? Com este movimento de "sístole
e diástole"? Alimenta-se em um relacionamento com Ele, mas para trazê-lo
para os outros e não sentir? Vou lhes dizer uma coisa: eu não entendo como um
catequista pode permanecer estático, sem esse movimento. Eu não entendo!
3. E o terceiro elemento - três - é sempre nesta linha:
começar de novo a partir de Cristo significa não ter medo de ir com ele nos
subúrbios. Aqui lembro-me da história de Jonas, um número muito interessante,
especialmente em nossos tempos de mudança e incerteza. Jonas era um homem
piedoso, com uma vida tranquila, ordeira, e isso o leva a ter seus planos muito
claros e julgar tudo e todos com esses esquemas, tão difícil. Tem tudo claro, a
verdade é essa. É duro! Então, quando o Senhor o chama e diz para ele ir e
pregar a Nínive, a grande cidade pagã, Jonas não se sente. Vá lá! Mas eu tenho
toda a verdade aqui! Não sinto como... Nínive está fora de seus planos, fica
nos arredores de seu mundo. E, em seguida, fugir, ele vai para a Espanha, ele
foge, ele embarca em um navio que vai para lá. Vá ler o Livro de Jonas! É
curto, mas é uma parábola muito informativa, principalmente para nós que
estamos na Igreja.
O que nos ensina? Ela nos ensina a não ter medo de sair de
nossos esquemas de seguir a Deus, porque Deus vai sempre mais além. Mas você
sabe o porquê? Deus não tem medo! Ele
não tem medo! É sempre além dos nossos padrões! Deus não tem medo das
periferias. Mas se você vai para as periferias, você vai encontrá-lo lá. Deus é
sempre fiel, é criativo. Mas, por favor, não entendo um catequista, que não é
criativo. E a criatividade é como o pilar do ser catequista. Deus é criativo,
não é fechado, nunca é rígido. Deus não é rígido! Nos acolhe, vem até nós, nos
entende. Para ser fiel, ser criativo, você tem que saber como mudar. Saber como
mudar. E por que eu deveria mudar? E 'para ajustar-me às circunstâncias em que
eu tenho que anunciar o Evangelho. Para ficar com Deus devo ser capaz de ir
para fora, não tenha medo de ir para fora.
Um catequista sem dinamismo acaba sendo uma estátua de museu, e temos
muitos! Temos tantos!Por favor, não queremos estátuas de museu! Gostaria de saber algum de vocês querem ser
estátuas de museu? Alguém tem esse desejo? [Catequistas: Não!] Não? Você tem
certeza? Ok. Eu vou dizer agora o que eu já disse muitas vezes, mas é o que diz
meu coração. Quando os cristãos estão presos no seu grupo, no seu movimento, em
sua paróquia, em seu meio, estamos fechados e o que acontece conosco, acontece
com tudo o que é fechado, e quando uma sala está fechada começa o cheiro de
umidade. E se uma pessoa está trancada naquele quarto, fica doente! Quando um
cristão está trancado em seu grupo na sua paróquia, em seu movimento, é
fechado, fica doente. Se um cristão sai nas ruas, nas periferias, pode
acontecer com ele o que acontece com uma pessoa que vai para a estrada: um
acidente. Tantas vezes já vimos acidentes de trânsito. Mas eu lhes digo: Eu
prefiro mil vezes uma Igreja que corre o risco de acidentes do que uma igreja
doente! A Igreja, um catequista que tem a coragem de assumir o risco de ir para
fora, e não de um catequista que estuda, sabe tudo, mas sempre fechado: este
está doente. E às vezes a cabeça está doente...
Mas tenha cuidado! Jesus não diz: vá. Não, ele não disse
isso! Jesus afirmou: Vai, Eu estou com vocês! Esta é a beleza e o que nos dá
força se formos, se sairmos para anunciar o seu Evangelho com amor, com
verdadeiro espírito apostólico, com franqueza, Ele caminha conosco, diante de
nós, - o digo em espanhol - não "primerea". O Senhor sempre lá
"primerea"! Até agora você já aprendeu o significado desta palavra. E
a Bíblia diz isso, eu digo que sim. A Bíblia diz que o Senhor diz na Bíblia: Eu
sou como a flor da amendoeira. Por quê? Porque é a primeira flor que floresce
na primavera. Ele é sempre "primeiro"! Ele é o primeiro! Isso é fundamental
para nós, que Deus sempre nos precede! Quando pensamos em ir embora, em uma
periferia distante, e talvez tenhamos um pouco de medo, da realidade, Ele já
está lá: Jesus nos espera no coração do irmão em sua carne ferida em sua vida
oprimida, em sua alma sem fé. Mas você sabe que uma das periferias que me faz
sentir dor, eu tinha visto na diocese que eu estava antes? Uma das crianças que
não sabe nem fazer o sinal da cruz. Em Buenos Aires há muitas crianças que não
sabem fazer o sinal da cruz. Esta é uma periferia! Você tem que ir lá! E Jesus
está lá esperando por você, para ajudar a criança a aprender a fazer o sinal da
cruz. Ele sempre nos precede.
Caros catequistas, estes são os três pontos. Sempre
recomeçar a partir de Cristo! Agradeço-lhe pelo que você faz, mas
principalmente porque estamos na Igreja, o Povo de Deus a caminho, porque você
anda com o povo de Deus permanece com Cristo - permanecer em Cristo - tentamos
ser mais e mais um com Ele; segui-lo, imitá-lo em seu movimento de amor, em seu
alcance para o homem, e nós saímos, abrimos as portas, temos a audácia de
traçar novos caminhos para a proclamação do Evangelho.
Que o Senhor te abençoe e Nossa Senhora vos acompanhe.
Obrigado!
Maria é nossa Mãe,
Maria sempre nos conduz a Jesus!
Vamos fazer uma oração para o outro, a Nossa Senhora.
Em seguida todos rezamos a Ave Maria cada um em sua língua e
o Papa nos deu a Bênção.
** Pe. Eduardo Calandro e Pe. Jordélio Siles Ledo, css
Roma, 28 de Setembro de 2013
Hoje o nosso dia teve início com a celebração da Eucaristia
na Basílica de São Pedro presidida pelo Presidente do Pontifício Conselho para
a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella nesta celebração fizemos
nossa profissão de fé em comunhão com toda Igreja diante da Cátedra de Pedro. A última conferência realizada por Dom Javier Salinas Viñals
bispo de Mallorca e membro do Conselho
Internacional da Catequese (Espanha), com o tema: A Diaconia da verdade como
expressão da comunidade Eclesial. Sua fala inicial foi aplaudida com entusiasmo
por todos ao afirmar: “os catequistas
são a expressão da missão da maternidade da Igreja.”
A busca e a crise da verdade: a expressão da verdade na
sociedade marcada pelo relativismo.
A Diaconia da verdade: Os elementos fundamentais desta
questão na ação eclesial:
1- A
revelação fundamento da diaconia da verdade;
2- Cristo
primazia e revelador da verdade, a verdade não é uma idéia, mas é uma Pessoa;
3- A fé como
aceitação da verdade, a consciência da fé: Crer
não é uma opinião, nem um sentimento.
A tradição como transmissão da verdade revelada. A verdade
da fé está unida no caminho da Igreja na história.
1- A
necessidade de uma linguagem para a transmissão da verdade. A Igreja nossa mãe
ensina a linguagem da fé;
2- O CIC a
serviço da verdade. É uma regra segura para o ensino da fé;
3- A dimensão salvífica da diaconia da verdade. Por Cristo e em Cristo se ilumina o
mistério do homem.
Os desafios para a diaconia da verdade:
1- Subjetivismos,
relativismo, pluralismo, incerteza e dúvida. Acentua a dimensão verdade da fé e
seu realismo;
2- Fragmentação
e individualismo. Emergência na história, na tradição e na vida da Igreja;
3- Desafios
no confronto da tradição e concepção da verdade como fruto de uma elaboração
unicamente humana. O primado da verdade;
4- Relevância
pessoal e social da verdade. O evento de Cristo junto com o testemunho do
crente, ilumina, inspira e inquieta.
O catequista como testemunha da verdade. O testemunho de
vida é uma condição essencial para o serviço da verdade. A Igreja afirma o
direito de servir o homem na sua totalidade, dizendo-lhe o que Deus revelou
sobre o homem e sua realização, e ela deseja tornar presente aquele patrimônio
imaterial, sem o qual a sociedade se desintegra, as cidades seriam arrasadas
por seus próprios muros, abismos e barreiras. A Igreja tem o direito e o dever
de manter acesa a chama da liberdade e da unidade do homem. (Papa Francisco aos
bispos do Brasil)
Logo após o secretário do Pontifício Conselho para a Promoção
da Nova Evangelização, Dom Octávio fez um breve resgate dos dias de congresso
como síntese. No fechamento do dia nos animou a fala de Dom Rino,
lembrando as palavras de Paulo VI quando estava elaborando a Envangelii
Nuntiandi “quando for necessário, a Igreja deve instituir novos ministérios”, e
afirmou: A catequese é um genuíno ministério na Igreja, o catequista exerce
este ministério em nome da Igreja. À tarde os catequistas foram convidados para a Peregrinação
ao tumulo de São Pedro. Aconteceu em várias Igrejas da cidade de Roma momentos
de catequese por grupos linguísticos. Amanhã dia 29 teremos a missão de encerramento com o Santo
Padre às 10h30.
** Pe. Eduardo Calandro e Pe. Jordélio Siles Ledo, css
Nenhum comentário:
Postar um comentário