SEMANA NACIONAL DA FAMÍLIA 2013
A TRANSMISSÃO E EDUCAÇÃO DA FÉ CRISTÃ NA FAMÍLIA
Iniciação cristã: educação para a felicidade
Diácono Roberto da Silva Bocalete
Celebrar a Semana da Família é oportunidade de refletirmos
seu importante papel na formação humana e religiosa de uma pessoa; é na família
que acontece os primeiros passos da experiência de fé; é na família que somos
educados para estruturarmos um projeto de vida que tenha como referência a
realização humana e a felicidade. No contexto do Ano da fé, marcado pelo Sínodo
da Nova Evangelização, nossas famílias são convidadas a redescobrir o
compromisso de iniciar para a fé e também fazer brilhar a alegria e o entusiasmo
do encontro pessoal e existencial com Jesus Cristo, para que assim, encontre a
razão e o sentido para própria existência.
É interessante aprofundarmos o que é iniciação: o termo
provém do verbo latino in-ire que significa “ir bem para dentro”; equivale a
processo progressivo, ou série de processos de maturação que uma pessoa
vivencia para chegar à identificação com um grupo concreto ou uma determinada
comunidade. A iniciação não transmite apenas normas, valores, símbolos e
comportamentos, mas situa a pessoa num papel social inteiramente novo, já que
ninguém se “auto-inicia”.
A iniciação não é um processo exclusivamente cristão; está
na raiz de muitas religiões na antiguidade e, mais ainda, na raiz de quase
todas as culturas: antes de ser uma realidade religiosa, é uma realidade
antropológica. Nas sociedades primitivas predominava a transmissão por meio da
iniciação e as sociedades tribais mantêm, ainda hoje, esse processo com os
diversos ritos de passagem. Para os cristãos, no entanto, iniciação significa
um processo de formação, amadurecimento e adesão em que a pessoa vai, aos
poucos, por um itinerário mistagógico-sacramental, identificando-se com Cristo
e com seu mistério pascal, aderindo à fé, experimentando a graça divina por
meio dos sacramentos em uma comunidade.
A iniciação cristã é, por um lado, iniciativa, graça e dom
divino, pois é o próprio Deus quem age a partir das ações concretas dos
iniciadores; por outro, resposta pessoal e comunitária. A originalidade
essencial da iniciação cristã consiste no fato de que Deus tem a iniciativa e a
primazia na transformação interior da pessoa e em sua integração na comunidade,
fazendo-a partícipe da morte e ressurreição de Cristo.
Os documentos recentes têm acenado para a importância de
resgatar o valor da iniciação: daí a necessidade das famílias, como educadoras,
como também da catequese,estarem verdadeiramente a serviço da iniciação
cristã.O Documento de Aparecida aponta a iniciação à vida cristã como urgência
a ser desenvolvida nas comunidades, iniciando pelo querigma, guiado pela
Palavra, conduzindo a um encontro pessoal com Cristo, que tem como resposta a
conversão e a comunhão para o seguimento e a missão de evangelizar.A iniciação
à vida cristã é também apontada como uma das urgências das Diretrizes Gerais da
ação evangelizadora da Igreja no Brasil (2011-15), que acentua a importância de
processos permanentes de iniciação para as atividades pastorais das dioceses.
Para iniciar na vida cristã é preciso, segundo o Estudo 97
da CNBB (Iniciação Cristã) conduzir as pessoas a um contato vivo e pessoal com
Cristo: isso implica o envolvimento de todos os organismos paroquiais, unindo
forças em vistas de objetivos comuns, além da conversão pastoral e de uma
animação bíblica eficaz; necessita de itinerários bem elaborados e de famílias
que saibam o seu papel e o coloquem em prática: ser testemunho da fé; precisa
de tempo para vivência do processo para que a pessoa seja realmente iniciada na
vida cristã.
Nesse sentido, vale destacar que a família tem papel fundamental,
se não dizer insubstituível, para eficácia da iniciação: é na família que
acontecem os primeiros passos de iniciação, são os primeiros ensaios no colo da
mãe, na oração, na convivência que desperta para a presença de Deus. No
aconchego seguro do lar, o primeiro anúncio se traduz pelos gestos de amor,
perdão, diálogo, compreensão, respeito, ética e segurança. Portanto, a primeira
experiência de comunhão e vida fraterna se dá na família, experiência que se
prolonga na comunidade de fé, a Igreja, em que as pessoas são preparadas e
iniciadas na vida cristã através dos sacramentos.
Os pais recebem a graça e a responsabilidade de educar os
filhos e iniciá-los na fé, transmitindo os valores cristãos em sua regra de
ouro: “Amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo”.Na
família a Palavra de Deus está viva e frutifica. A pessoa que amadurece na fé
educada por estes sinais de comunhão se realiza no relacionamento e no amor, no
seguimento, na comunidade fraterna.
Os pais são os primeiros catequistas de seus filhos e mesmo
diante dos desafios atuais da família, são chamados a ser como que “ninhos de
fé”: que afaga, acaricia, alimenta e ensina. Espera-se que seja no cotidiano do
lar, na harmonia e aconchego, mas também nos limites e fracassos, que os filhos
experimentem a alegria da proximidade de Deus através dos pais.A experiência
cristã positiva, vivida no ambiente familiar é uma marca decisiva para a vida
do cristão. A própria vida familiar deve transformar-se num itinerário da
educação da fé e numa escola de vida cristã.
Para exercer bem a responsabilidade cristã, como educadora
da fé, a família precisa ser santuário da vida, em que os filhos façam a
experiência do amor de Deus, da fé, da solidariedade.A família precisa
desenvolver um clima propício ao perdão, a oração familiar e a participação na
comunidade cristã. A família precisa motivar para escolhas maduras, apontar os
valores, dar caminhos para a pessoa encontre sentido na vida e seja feliz.
O futuro da evangelização depende em grande parte da família
como sendo instrumento de formação e iniciação. Sendo assim, cabe à família
ajudar na escolha do essencial, em detrimento do secundário; estar unida diante
dos problemas, que são comuns e normais a todas as pessoas;não se esquecer de valorizar
as pequenas coisas, como os eventos, festas e celebrações familiares,
enriquecendo-as com oração e comunhão fraterna; e também aproveitar as
oportunidades de participarem juntos das missas, para que a vida da família seja
uma escola da fé, tendo como referência a Palavra de Deus, a Eucaristia e
compromisso com a transformação da realidade.
A iniciação cristã é desafio que deve ser encarado com
decisão, coragem e criatividade por nossas famílias e comunidades. Não dá mais
tempo de pensar que o somente o outro é responsável! Assumamos nosso papel,
tenhamos consciência de que nossa missão é contribuir para que nossos filhos
sejam felizes, encontrem o caminho da fé e a partir de nosso testemunho,
eduquem seus filhos na dinâmica do amor e da esperança! Que Deus nos ajude em
nossos projetos!
Diácono Roberto da Silva Bocalete
Igreja Matriz Nossa Senhora Aparecida
Votuporanga SP
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