sexta-feira, 16 de agosto de 2013

SEMANA NACIONAL DA FAMÍLIA 2013
A TRANSMISSÃO E EDUCAÇÃO DA FÉ CRISTÃ NA FAMÍLIA

Iniciação cristã: educação para a felicidade
Diácono Roberto da Silva Bocalete

Celebrar a Semana da Família é oportunidade de refletirmos seu importante papel na formação humana e religiosa de uma pessoa; é na família que acontece os primeiros passos da experiência de fé; é na família que somos educados para estruturarmos um projeto de vida que tenha como referência a realização humana e a felicidade. No contexto do Ano da fé, marcado pelo Sínodo da Nova Evangelização, nossas famílias são convidadas a redescobrir o compromisso de iniciar para a fé e também fazer brilhar a alegria e o entusiasmo do encontro pessoal e existencial com Jesus Cristo, para que assim, encontre a razão e o sentido para própria existência.

É interessante aprofundarmos o que é iniciação: o termo provém do verbo latino in-ire que significa “ir bem para dentro”; equivale a processo progressivo, ou série de processos de maturação que uma pessoa vivencia para chegar à identificação com um grupo concreto ou uma determinada comunidade. A iniciação não transmite apenas normas, valores, símbolos e comportamentos, mas situa a pessoa num papel social inteiramente novo, já que ninguém se “auto-inicia”.

A iniciação não é um processo exclusivamente cristão; está na raiz de muitas religiões na antiguidade e, mais ainda, na raiz de quase todas as culturas: antes de ser uma realidade religiosa, é uma realidade antropológica. Nas sociedades primitivas predominava a transmissão por meio da iniciação e as sociedades tribais mantêm, ainda hoje, esse processo com os diversos ritos de passagem. Para os cristãos, no entanto, iniciação significa um processo de formação, amadurecimento e adesão em que a pessoa vai, aos poucos, por um itinerário mistagógico-sacramental, identificando-se com Cristo e com seu mistério pascal, aderindo à fé, experimentando a graça divina por meio dos sacramentos em uma comunidade.

A iniciação cristã é, por um lado, iniciativa, graça e dom divino, pois é o próprio Deus quem age a partir das ações concretas dos iniciadores; por outro, resposta pessoal e comunitária. A originalidade essencial da iniciação cristã consiste no fato de que Deus tem a iniciativa e a primazia na transformação interior da pessoa e em sua integração na comunidade, fazendo-a partícipe da morte e ressurreição de Cristo.

Os documentos recentes têm acenado para a importância de resgatar o valor da iniciação: daí a necessidade das famílias, como educadoras, como também da catequese,estarem verdadeiramente a serviço da iniciação cristã.O Documento de Aparecida aponta a iniciação à vida cristã como urgência a ser desenvolvida nas comunidades, iniciando pelo querigma, guiado pela Palavra, conduzindo a um encontro pessoal com Cristo, que tem como resposta a conversão e a comunhão para o seguimento e a missão de evangelizar.A iniciação à vida cristã é também apontada como uma das urgências das Diretrizes Gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil (2011-15), que acentua a importância de processos permanentes de iniciação para as atividades pastorais das dioceses.

Para iniciar na vida cristã é preciso, segundo o Estudo 97 da CNBB (Iniciação Cristã) conduzir as pessoas a um contato vivo e pessoal com Cristo: isso implica o envolvimento de todos os organismos paroquiais, unindo forças em vistas de objetivos comuns, além da conversão pastoral e de uma animação bíblica eficaz; necessita de itinerários bem elaborados e de famílias que saibam o seu papel e o coloquem em prática: ser testemunho da fé; precisa de tempo para vivência do processo para que a pessoa seja realmente iniciada na vida cristã.

Nesse sentido, vale destacar que a família tem papel fundamental, se não dizer insubstituível, para eficácia da iniciação: é na família que acontecem os primeiros passos de iniciação, são os primeiros ensaios no colo da mãe, na oração, na convivência que desperta para a presença de Deus. No aconchego seguro do lar, o primeiro anúncio se traduz pelos gestos de amor, perdão, diálogo, compreensão, respeito, ética e segurança. Portanto, a primeira experiência de comunhão e vida fraterna se dá na família, experiência que se prolonga na comunidade de fé, a Igreja, em que as pessoas são preparadas e iniciadas na vida cristã através dos sacramentos.

Os pais recebem a graça e a responsabilidade de educar os filhos e iniciá-los na fé, transmitindo os valores cristãos em sua regra de ouro: “Amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo”.Na família a Palavra de Deus está viva e frutifica. A pessoa que amadurece na fé educada por estes sinais de comunhão se realiza no relacionamento e no amor, no seguimento, na comunidade fraterna.

Os pais são os primeiros catequistas de seus filhos e mesmo diante dos desafios atuais da família, são chamados a ser como que “ninhos de fé”: que afaga, acaricia, alimenta e ensina. Espera-se que seja no cotidiano do lar, na harmonia e aconchego, mas também nos limites e fracassos, que os filhos experimentem a alegria da proximidade de Deus através dos pais.A experiência cristã positiva, vivida no ambiente familiar é uma marca decisiva para a vida do cristão. A própria vida familiar deve transformar-se num itinerário da educação da fé e numa escola de vida cristã.

Para exercer bem a responsabilidade cristã, como educadora da fé, a família precisa ser santuário da vida, em que os filhos façam a experiência do amor de Deus, da fé, da solidariedade.A família precisa desenvolver um clima propício ao perdão, a oração familiar e a participação na comunidade cristã. A família precisa motivar para escolhas maduras, apontar os valores, dar caminhos para a pessoa encontre sentido na vida e seja feliz.

O futuro da evangelização depende em grande parte da família como sendo instrumento de formação e iniciação. Sendo assim, cabe à família ajudar na escolha do essencial, em detrimento do secundário; estar unida diante dos problemas, que são comuns e normais a todas as pessoas;não se esquecer de valorizar as pequenas coisas, como os eventos, festas e celebrações familiares, enriquecendo-as com oração e comunhão fraterna; e também aproveitar as oportunidades de participarem juntos das missas, para que a vida da família seja uma escola da fé, tendo como referência a Palavra de Deus, a Eucaristia e compromisso com a transformação da realidade.

A iniciação cristã é desafio que deve ser encarado com decisão, coragem e criatividade por nossas famílias e comunidades. Não dá mais tempo de pensar que o somente o outro é responsável! Assumamos nosso papel, tenhamos consciência de que nossa missão é contribuir para que nossos filhos sejam felizes, encontrem o caminho da fé e a partir de nosso testemunho, eduquem seus filhos na dinâmica do amor e da esperança! Que Deus nos ajude em nossos projetos!

Diácono Roberto da Silva Bocalete
Igreja Matriz Nossa Senhora Aparecida
Votuporanga SP

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