SÍNODO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO
Notícias do Sínodo dos Bispos 15 - Pe. Lima
MENSAGEM DO SÍNODO DE 2012 - II
Síntese da primeira redação do importante documento
O
Calendário do Sínodo, em latim, diz no dia 22: vacat. Significa que não há
reuniões nos círculos menores, nem no Plenário. Os relatores dos círculos
menores junto com a direção geral do Sínodo e um grupo de assessores continuam,
nesse dia, o trabalho já começado ontem, domingo: sintetizar as mais de 350
proposições sugeridas pelos 12 Círculos em apenas 50 proposições mais ou menos,
seguindo, de um modo geral, as quatro grandes linhas já estabelecidas no
Instrumento de Trabalho, ou seja: a natureza da NE, o contexto sociocultural
onde se realiza a NE, as respostas pastorais a essa situação, os agentes e
atores da NE.
Portanto,
para a maioria dos participantes do Sínodo, foi uma segunda feira livre. O
Superior Geral dos salesianos aproveitou dessa ocasião e convocou os 15
religiosos de sua congregação para um encontro fraterno, na Casa Salesiana que
se situa dentro do território do Vaticano. Junto com os cinco que trabalham
naquela obra, éramos 20 salesianos, que durante algumas horas convivemos
fraternalmente, almoçando com nosso Superior Geral.
Apresento
a seguir, os últimos números da primeira redação da Mensagem do Sínodo, cuja
segunda redação certamente será apresentada amanhã.
Continuação
da Mensagem do Sínodo (III)
12. Na
contemplação do mistério, junto aos pobres. Queremos agora indicar duas
expressões da vida de fé relevantes para testemunhá-la na NE. São dois símbolos
que mostram nossa vontade de trilharmos hoje um caminho de regeneração da vida
cristã. 1) O primeiro é o dom da contemplação do Mistério de Deus Pai, Filho e
Espírito Sano: é daí que surgirá um testemunho crível para o mundo; esse
silêncio contemplativo impedirá que a palavra da salvação seja confundida por
tantos outros rumores. Somos gratos a quantos, em mosteiros e eremitérios, dedicam
sua vida à oração e contemplação. Precisamos também de momentos contemplativos
em nossa vida do dia a dia e de lugares que evocam a presença de Deus
(santuários interiores e templos de pedra) onde todos possam ser acolhidos. 2)
O rosto do pobre: colocar-se ao lado deles não é somente ação social, mas
sobretudo espiritual, pois neles resplandece o rosto do Salvador. A Igreja
oferece o encontro com Cristo no ensino da verdade, na eucaristia, oração,
comunhão fraterna e também no serviço da caridade. Devem ter um lugar especial
em nossas comunidades: sua presença é misteriosamente poderosa para mostrar
Cristo Jesus. A caridade deve ser acompanhada pela luta por justiça. Daí ser
parte da NE a Doutrina Social da Igreja.
13.
Nosso olhar quer envolver todas as comunidades religiosas dispersas pelo mundo,
um olhar unitário, pois única é a chamada ao encontro com Cristo, sem esquecer
as diversidades. Em primeiro lugar olhamos para as antigas Igrejas do Oriente,
herdeiras da primeira difusão do Evangelho, cuja experiência guardam
zelosamente: ela ensina que a NE é feita de vida litúrgica, catequese, oração
familiar, jejum, solidariedade entre as famílias, participação dos leigos na
vida da comunidade e diálogo com a sociedade. Muitas dessas Igrejas vivem no
meio de tribulações testemunhando a Cruz de Cristo; alguns fiéis são forçados à
emigração e levam a NE aos países que os acolhem. Que o Senhor abençoe essa
fidelidade e lhes traga tempos de paz. Aos cristãos que vivem na África
agradecemos o testemunho de vivência do Evangelho, muitas vezes em situações
inumanas; exortamos a relançarem a evangelização recebida em tempos ainda
recentes, a preservarem a identidade familiar, a sustentarem o trabalho dos
sacerdotes e catequistas sobretudo nas pequenas comunidades e a continuarem o
esforço de inculturação. Aos políticos fazemos um forte apelo pela promoção dos
direitos humanos fundamentais e a libertação da violência ainda presente nesse
continente. Convidamos os cristãos da América do Norte a responderem com alegria
à convocação por uma NE enquanto admiramos os frutos generosos de fé, caridade
e missão de suas jovens comunidades; mas reconhecemos que muitas expressões
culturais norte-americanas estão longe do Evangelho; impõe-se um convite à
conversão, para que, de dentro dessa cultura, os fiéis ofereçam a todos a luz
da fé e a força da vida. Continuem a
acolher com generosidade imigrantes e refugiados e abram as portas da
cultura à fé. Sejam solidários com os latino-americanos na permanente
evangelização comum de todo continente. À América Latina e Caribe vai também o
mesmo sentimento de gratidão; chama nossa atenção a riqueza de religiosidade
popular desse continente. Os desafios da pobreza, violência, pluralismo
religioso reforçam nossa exortação para o estado de missão permanente,
anunciando o Evangelho com esperança e alegria, formando comunidades de
discípulos missionários de Jesus, mostrando como seu Evangelho é fonte de uma
nova sociedade justa e fraterna. Queremos encorajar os cristãos da Ásia,
continente que possui dois terços da população mundial; que a pequena minoria
cristã seja semente fecunda germinada pelo Espírito Santo e cresça no diálogo
com as diversas culturas; às vezes marginalizada ou envolta em perseguições a
Igreja na Ásia é uma presença preciosa do Evangelho. Sintam a fraternidade e
vizinhança dos outros países do mundo que não podem esquecer as origens
asiáticas de Jesus: aí ele nasceu, viveu, morreu e ressuscitou. Reconhecimento
e esperança são nossos sentimentos também pela Europa, hoje marcada em parte
por uma forte secularização, às vezes agressiva e ferida por longos decênios de
poder comunista. Tal reconhecimento é pelo passado e pelo presente: de fato a
Europa criou experiências de fé, muitas vezes transbordantes de santidade,
decisivas para a evangelização do mundo inteiro: rico pensamento teológico,
expressões carismáticas variadas, formas inúmeras de serviço caritativo,
experiências contemplativas, cultura humanista que contribuiu para a dignidade
humana e construção do bem comum. Que as dificuldades do presente sejam vistas
como oportunidades para um anúncio mais alegre e vivo do Evangelho. Saudamos,
por fim, os povos da Oceania que vivem sob o signo do Cruzeiro do Sul e
agradecemos seu testemunho de fé. Como a samaritana, ouçam também o apelo de
Jesus: "Se conhecêsseis o dom de Deus...". Empenhem-se em pregar o
Evangelho e tornar Cristo conhecido hoje no mundo.
14. Ao
final dessa experiência de comunhão de Bispos do mundo inteiro colaborando com
o Sucessor de Pedro, sentimos a atualidade do mandato de Jesus: "Ide e
fazei discípulos todos os povos. Eis que estou convosco todos os dias até o fim
do mundo". Não se trata só de missão geográfica, mas de chegar aos
corações de nossos contemporâneos para levá-los ao encontro com Cristo, vivo e presente
em nossas comunidades. Essa presença nos enche de alegria e nos faz cantar:
"A minha alma engrandece o Senhor... Ele fez por mim maravilhas".
Fazemos nossas as palavras de Maria: ao longo dos séculos Ele fez grandes
coisas pela sua Igreja e nós o glorificamos, certos de que não deixará de olhar
nossa pequenez para mostrar a potência de seu braço, também em nossos dias e
sustentar-nos no caminho da NE. Que Maria nos oriente no caminho, às vezes
parecido com o deserto; mas levaremos o essencial: a companhia de Jesus, a
verdade de sua palavra, o pão eucarístico que nos nutre, a fraternidade da
comunhão eclesial, o impulso da caridade. Nas noites do deserto as estrelas são
mais luminosas: assim no céu de nosso caminho resplandece, com vigor, a luz de Maria,
Estrela da NE a quem nós, confiantes, nos entregamos.
Roma, 22 de Outubro de 2012, segunda feira.
Pe. Luiz Alves de Lima, sdb.
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