sexta-feira, 26 de outubro de 2012


SÍNODO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO

Notícias do Sínodo dos Bispos 18 - Pe. Lima
ARTE  E  FÉ
Visita à Capela Sistina e pré-estreia do filme Via Pulchritudinis

 Antes de ontem, durante a reunião dos grupos linguísticos foi anunciado que o Papa nomeou mais seis cardeais, entre eles um latino-americano, Dom Rubén Salazar Gómez, arcebispo de Bogotá - Colômbia. Chamou atenção também o fato de dois deles serem de países com populações muçulmanas significativas: Beatitude Bechara Boutros Rai, de 72 anos, patriarca da Igreja Católica Maronita do Líbano e Dom John Olorunfemi Onaiyekan, 68 anos, arcebispo de Abuja, Nigéria. Esse anúncio, proclamado durante a audiência das quartas feiras, foi uma surpresa, quer pelo pequeno número de nomeados, quer por estar fora de época. Isso levou a especulações sobre a saúde do Papa; outros disseram que o Papa simplesmente está completando as vagas deixadas pelos últimos cardeais que faleceram. O consistório, ou seja, a cerimônia do "empossamento" dos novos cardeais, será em 24 de novembro próximo.

 Durante o dia de hoje, o Relator Geral do Sínodo, Dom Donald William Wuerl e os 12 relatores dos grupos linguísticos passaram o dia concluindo a revisão e dando os últimos retoques nas 57 proposições à luz do que sugeriram ontem os 12 grupos. Os outros, tivemos um dia livre.

 Foi-nos proporcionada uma visita à célebre Capela Sistina, um dos monumentos de arte mais importantes da humanidade. No próximo dia 30 de Outubro essa Capela estará completando 500 anos. De fato, foi no dia 30 de Outubro de 1512 que o Papa Júlio II, della Rovere, inaugurou os afrescos pintados na imensa abóbada da Capela. Essa monumental obra foi realizada por Michelangelo entre 1508 e 1512. O Papa quis marcar o V centenário dessa obra prima de arte, em nível mundial, com uma cerimônia especial.

 Nós, participantes do Sínodo, tivemos muita sorte, pois a Capela foi fechada somente para nós (normalmente ela está repleta de turistas), e tivemos a companhia não só do Diretor do Museu do Vaticano, mas também a guia de especialistas que nos contaram os mínimos particulares da grandiloquente obra, sua história, técnicas de pintura, e, sobretudo, o significado religioso e teológico do grande monumento.

 Após explicar-nos as paredes laterais, com afrescos belíssimos de vários artistas daquele momento, retratando cenas do Antigo e do Novo Testamento, a atenção voltou-se para a abóbada onde Michelangelo perpetuou em refinadíssima arte e maestria, cenas da História da Salvação. E, como gran finale da visita, ficamos quase que uma hora somente analisando e apreciando o imenso painel do Juízo Final, fruto da maturidade de Michelangelo, pois ele o pintou 20 anos depois que havia concluído as obras da abóbada.

 Ao lado das lições de arte e história, fomos também informados dos vários ritos que se desenrolam ao longo de uma eleição pontifícia naquele ambiente sagrado. Fomos até levados à sala do pranto, uma espécie de antiga sacristia, mas muito pequena, para onde é levado o cardeal que é eleito papa, onde em geral ele chora (daí o nome) de emoção e de temor diante das grandes responsabilidades que está assumindo... Aí também ele prova as vestes pontificais, feitas em três medidas diferentes, para imediatamente ser apresentado depois ao Povo, já revestido das insígnias papais.

 Saindo da Capela Sistina fomos imediatamente para a grande Sala Paulo VI, onde há as audiências da quarta feira, e foi então projetada a ante-estreia oficial de um filme especialmente realizado para comemorar os 500 anos da Capela Sistina, os 50 anos do Concílio Vaticano II e em homenagem ao Papa e aos padres sinodais. Como essa sala é imensa, a projeção foi aberta também ao clero, religiosos e religiosas de Roma, e pessoas mais ligadas à Igreja.

 O filme é intitulado Fé e Arte, e se refere a um tema que também emergiu nas discussões do Sínodo, ou seja: o caminho da beleza (via pulchritudinis), como uma das possibilidades da Nova Evangelização. O filme mostra como ao longo de 20 séculos, os cristãos souberam expressar a própria fé em Jesus Cristo, na Igreja, na santidade de vida, através da arte mais refinada e requintada. E como também a Igreja, e particularmente o Museu Vaticano, único no mundo, por suas dimensões e pelo acervo de obras artísticas que contêm, se tornou o guardião das maiores obras primas do gênio religioso da humanidade.

 Naturalmente, a obra de arte mais mostrada e comentada ao longo do filme, é justamente a Capela Sistina. Assim, aquilo que tínhamos visto ao vivo e a cores na própria Capela, pudemos ver agora, em seus mínimos detalhes, projetado no grande telão da Sala Paulo VI.

 O filme, em forma de documentário, do diretor Pawel Pitera, foi produzido pelo Museu do Vaticano, realizado por um canal televisivo polaco, com o apoio da Ordem Militar de Malta. O Papa esteve presente na projeção (e por causa de seu cansaço e idade o filme foi um pouco diminuído), e ao final fez um pequeno discurso que definiu o Museu do Vaticano, e consequentemente o filme, como "um concentrado de teologia por imagens", sublinhando assim a sua missão cultural e espiritual: "O Museu mostra verdadeiramente um contínuo entrelaçamento entre Cristianismo e cultura, entre fé e arte, entre o divino e o humano".

 E, referindo-se ao filme, acrescentou: "Percorrendo a via Pulchritudinis, o caminho da Beleza, pode-se chegar à porta da fé. Mas para que este itinerário não seja privilégio de uns poucos, é importante que as imagens, bem como a narrativa humana que as acompanha, cheguem a um público cada vez mais vasto e diversificado. Para isso foi produzido um DVD, que, em 70 minutos, condensa com maestria 2000 anos de história da Igreja e da arte".

 Esse DVD será distribuído mundialmente a partir de novembro. E cada um de nós, participantes do Sínodo, tivemos a sorte de receber um exemplar, que, no mercado, custará 10 euros. Assim, antes de terminar o Sínodo, pudemos passar uma tarde mergulhados na beleza da arte, poderoso veículo para suscitar e alimentar a nossa fé.

Roma, 25 de Outubro de 2012, Quinta feira.
Pe. Luiz Alves de Lima, sdb

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