SÍNODO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO
Notícias do Sínodo dos Bispos 18 - Pe. Lima
ARTE E FÉ
Visita à Capela Sistina e pré-estreia do filme Via
Pulchritudinis
Antes de ontem,
durante a reunião dos grupos linguísticos foi anunciado que o Papa nomeou mais
seis cardeais, entre eles um latino-americano, Dom Rubén Salazar Gómez,
arcebispo de Bogotá - Colômbia. Chamou atenção também o fato de dois deles
serem de países com populações muçulmanas significativas: Beatitude Bechara
Boutros Rai, de 72 anos, patriarca da Igreja Católica Maronita do Líbano e Dom
John Olorunfemi Onaiyekan, 68 anos, arcebispo de Abuja, Nigéria. Esse anúncio,
proclamado durante a audiência das quartas feiras, foi uma surpresa, quer pelo
pequeno número de nomeados, quer por estar fora de época. Isso levou a
especulações sobre a saúde do Papa; outros disseram que o Papa simplesmente
está completando as vagas deixadas pelos últimos cardeais que faleceram. O
consistório, ou seja, a cerimônia do "empossamento" dos novos
cardeais, será em 24 de novembro próximo.
Durante o dia de
hoje, o Relator Geral do Sínodo, Dom Donald William Wuerl e os 12 relatores dos
grupos linguísticos passaram o dia concluindo a revisão e dando os últimos
retoques nas 57 proposições à luz do que sugeriram ontem os 12 grupos. Os
outros, tivemos um dia livre.
Foi-nos proporcionada
uma visita à célebre Capela Sistina, um dos monumentos de arte mais importantes
da humanidade. No próximo dia 30 de Outubro essa Capela estará completando 500
anos. De fato, foi no dia 30 de Outubro de 1512 que o Papa Júlio II, della
Rovere, inaugurou os afrescos pintados na imensa abóbada da Capela. Essa
monumental obra foi realizada por Michelangelo entre 1508 e 1512. O Papa quis
marcar o V centenário dessa obra prima de arte, em nível mundial, com uma
cerimônia especial.
Nós, participantes do
Sínodo, tivemos muita sorte, pois a Capela foi fechada somente para nós
(normalmente ela está repleta de turistas), e tivemos a companhia não só do
Diretor do Museu do Vaticano, mas também a guia de especialistas que nos
contaram os mínimos particulares da grandiloquente obra, sua história, técnicas
de pintura, e, sobretudo, o significado religioso e teológico do grande
monumento.
Após explicar-nos as
paredes laterais, com afrescos belíssimos de vários artistas daquele momento,
retratando cenas do Antigo e do Novo Testamento, a atenção voltou-se para a
abóbada onde Michelangelo perpetuou em refinadíssima arte e maestria, cenas da
História da Salvação. E, como gran finale da visita, ficamos quase que uma hora
somente analisando e apreciando o imenso painel do Juízo Final, fruto da
maturidade de Michelangelo, pois ele o pintou 20 anos depois que havia
concluído as obras da abóbada.
Ao lado das lições de
arte e história, fomos também informados dos vários ritos que se desenrolam ao
longo de uma eleição pontifícia naquele ambiente sagrado. Fomos até levados à
sala do pranto, uma espécie de antiga sacristia, mas muito pequena, para onde é
levado o cardeal que é eleito papa, onde em geral ele chora (daí o nome) de
emoção e de temor diante das grandes responsabilidades que está assumindo... Aí
também ele prova as vestes pontificais, feitas em três medidas diferentes, para
imediatamente ser apresentado depois ao Povo, já revestido das insígnias
papais.
Saindo da Capela
Sistina fomos imediatamente para a grande Sala Paulo VI, onde há as audiências
da quarta feira, e foi então projetada a ante-estreia oficial de um filme
especialmente realizado para comemorar os 500 anos da Capela Sistina, os 50
anos do Concílio Vaticano II e em homenagem ao Papa e aos padres sinodais. Como
essa sala é imensa, a projeção foi aberta também ao clero, religiosos e
religiosas de Roma, e pessoas mais ligadas à Igreja.
O filme é intitulado
Fé e Arte, e se refere a um tema que também emergiu nas discussões do Sínodo,
ou seja: o caminho da beleza (via pulchritudinis), como uma das possibilidades
da Nova Evangelização. O filme mostra como ao longo de 20 séculos, os cristãos
souberam expressar a própria fé em Jesus Cristo, na Igreja, na santidade de
vida, através da arte mais refinada e requintada. E como também a Igreja, e
particularmente o Museu Vaticano, único no mundo, por suas dimensões e pelo
acervo de obras artísticas que contêm, se tornou o guardião das maiores obras
primas do gênio religioso da humanidade.
Naturalmente, a obra
de arte mais mostrada e comentada ao longo do filme, é justamente a Capela
Sistina. Assim, aquilo que tínhamos visto ao vivo e a cores na própria Capela,
pudemos ver agora, em seus mínimos detalhes, projetado no grande telão da Sala
Paulo VI.
O filme, em forma de
documentário, do diretor Pawel Pitera, foi produzido pelo Museu do Vaticano,
realizado por um canal televisivo polaco, com o apoio da Ordem Militar de
Malta. O Papa esteve presente na projeção (e por causa de seu cansaço e idade o
filme foi um pouco diminuído), e ao final fez um pequeno discurso que definiu o
Museu do Vaticano, e consequentemente o filme, como "um concentrado de
teologia por imagens", sublinhando assim a sua missão cultural e
espiritual: "O Museu mostra verdadeiramente um contínuo entrelaçamento
entre Cristianismo e cultura, entre fé e arte, entre o divino e o humano".
E, referindo-se ao
filme, acrescentou: "Percorrendo a via Pulchritudinis, o caminho da
Beleza, pode-se chegar à porta da fé. Mas para que este itinerário não seja
privilégio de uns poucos, é importante que as imagens, bem como a narrativa
humana que as acompanha, cheguem a um público cada vez mais vasto e
diversificado. Para isso foi produzido um DVD, que, em 70 minutos, condensa com
maestria 2000 anos de história da Igreja e da arte".
Esse DVD será
distribuído mundialmente a partir de novembro. E cada um de nós, participantes
do Sínodo, tivemos a sorte de receber um exemplar, que, no mercado, custará 10
euros. Assim, antes de terminar o Sínodo, pudemos passar uma tarde mergulhados
na beleza da arte, poderoso veículo para suscitar e alimentar a nossa fé.
Roma, 25 de Outubro de 2012, Quinta feira.
Pe. Luiz Alves de Lima, sdb
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