terça-feira, 30 de outubro de 2012

A Pastoral Bíblico-Catequética da Diocese de São José do Rio Preto agradece ao Pe Luiz Alves de Lima pelo trabalho realizado no Sínodo da Nova Evangelização, parabeniza-o pela dedicação e carinho por escrever as crônicas e nos manter informados. Agradecemos também ao Pe Luís Gonzaga por nos encaminhar o material. Sem dúvida, prestaram um grande serviço a evangelização! Abraços aos amigos! Gratidão!

SÍNODO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO (CONCLUSÃO)

Notícias do Sínodo dos Bispos 23 - Pe. Lima
APRECIAÇÃO FINAL DO SÍNODO DOS BISPOS DE 2012
               
As crônicas enviadas durante as três semanas do Sínodo focalizavam um determinado momento de sua realização, relatando o que passava naquele momento, como é próprio de uma crônica. Sem pretender fazer uma ampla síntese, o que seria impossível dada a extensão e complexidade dos temas tratados, pretendo agora relatar aquilo que me pareceu mais importante no conjunto desse grande evento.

A experiência vivida nesses 22 dias é única e incomparável. Foi uma participação intensa de comunhão eclesial em escala mundial, de uma Igreja viva e pujante, apesar das dificuldades de hoje. Estava presente a Igreja inteira, representantes de todos os extratos eclesiais em nível da totalidade do Povo de Deus, tanto jerarquia, como fieis leigos. Sendo "dos Bispos" é lógico que a presença maciça era deles, que realmente conduziram, trabalharam, tomaram decisões como responsáveis primeiros da Igreja. Entretanto, estavam presentes também sacerdotes, religiosas e religiosos, leigas e leigos comprometidos com a evangelização. A Igreja Católica não é apenas os de rito latino; os católicos ortodoxos orientais estavam presentes em peso. Havia igualmente os "delegados fraternos", de outras igrejas cristãs, preocupadas também com os desafios da evangelização. Chamou a atenção, não tanto a profundidade da reflexão e de decisões, mas, sobretudo o testemunho de experiências realizadas em todas as partes do mundo. na busca de novas formas e modos de evangelizar.

Acima de um Sínodo, coloca-se apenas a realização de um Concílio Ecumênico. O Sínodo, tal como a Igreja o celebra hoje, tinha inicialmente uma dupla finalidade: manter vivo e aceso o espírito do Concílio Vaticano II e ser expressão da Colegialidade Episcopal. Quanto à primeira finalidade, ele esteve intimamente ligado ao Vaticano II não só por celebrar seus 50 anos, mas por sua estrutura, dinâmica interna, realização e conclusões. Pode-se dizer que o Sínodo "é um filho do Concílio"; a assembleia sinodal reafirmou, não tanto explicitamente, mas nos fatos e no temas tratados, a firme adesão aos ensinamentos do Concílio.

Com relação à segunda finalidade, ser expressão da colegialidade episcopal, ela fica um tanto obscurecido, dado seu caráter apenas consultivo. Ou seja: as célebres Proposições, documento mais importante, não têm autoridade em si mesmas. São apenas sugestões deixadas na mão do Sumo Pontífice para que ele, e seus auxiliares mediatos e imediatos, elaborem, dentro de um ano mais ou menos, um documento oficial (a exortação apostólica). Aquela tão suspirada descentralização do governo da Igreja, partilhando um pouco o excesso de responsabilidade e de poder que se concentra na pessoa do Papa, não se realiza plenamente. De outro lado, o Sínodo foi uma manifestação inequívoca da comunhão e afeto episcopal, do zelo, paixão e entusiasmo com os quais cada bispo assume a responsabilidade por todas as igrejas, e não apenas por sua diocese.

Houve uma plena sintonia com os sérios problemas que hoje assolam a humanidade, tudo, naturalmente visto à luz da evangelização para a transmissão da fé, que era o polo gerador de todos os temas tratados. O inusitado gesto de enviar uma delegação à Síria, em plena guerra civil e fratricida, levando não só ideias e exortações, mas também mediação político-diplomática e auxílio econômico, mostrou o quanto a Igreja está mergulhada em toda sorte de sofrimento humano. Isso ressoou muitas vezes e de diversos modos na aula sinodal, sobretudo com o testemunho de inúmeras ações criativas para que a mensagem de Jesus torne-se realmente Boa-Nova e palavra de salvação para todos.

Ficou claro também que tudo o que a Igreja faz deve ser fruto de uma profunda confissão e profissão de fé em Cristo Jesus, que com seu Evangelho, revela a proximidade de Deus em nossas vidas. Ela mesma em primeiro lugar é destinatária dessa Palavra de Deus, e daí a contínua conversão de si mesma e a vontade de, por todos os meios, quer pelo ministério da Palavra como dos sacramentos, ser a anunciadora da salvação para um mundo que se mostra cada vez mais secularizado, afastado de Deus e mergulhado no materialismo.

A expressão nova evangelização foi entendida em seu múltiplo significado, sempre e a partir da ação do Espírito Santo e do primado da graça. Ela é, em primeiro lugar, um grande chamado para todos os fiéis renovarem a própria fé, tanto na adesão pessoal e profunda à pessoa de Jesus (confissão da fé), como no testemunho de vida à luz do Evangelho (profissão de fé). A nova evangelização tem aí seu fundamento e garantia de sucesso, e não em projetos, planos, e programas, por mais importantes que eles também sejam.

Em segundo lugar significa o interesse de propagar sempre mais o Evangelho de Jesus entre todos os povos. Diante das urgências internas da vida eclesial, não pode ficar em segundo plano a missio ad gentes, o caráter missionário da Igreja, algo que pertence à sua natureza. Isso implica um retorno contínuo ao primeiro anúncio (querigma), a proclamação do mistério de Jesus Salvador: sua encarnação, tornando-se um de nós, sua, paixão, morte redentora e glorificação. Esse querigma (conteúdo essencial da fé) deve estar presente no início da proclamação do Evangelho e reevocado continuamente em toda pregação e catequese. O drama que a Igreja vive hoje é que muitas nações, cristãs em épocas passadas, hoje estão longe de Deus, vivem como se Ele não existisse, e como se a Igreja fosse uma das tantas expressões religiosas sem sentido nenhum para o mundo de hoje. É difícil admitir, mas precisamos nos convencer de países outrora cristianíssimos (sobretudo na Europa) hoje são terra de missão, de anúncio primeiro, de evangelização, no sentido mais próprio e estrito da palavra.

Nova evangelização, em terceiro lugar, expressa a preocupação da Igreja por inúmeros cristãos que se tornaram sacramentalmente cristãos, mas vive como se fossem pagãos, afastados da Igreja e da prática cristã. Para eles é necessária uma nova conclamação, um novo apelo e, naturalmente, novas formas de pastoral, de catequese com métodos diferentes.

Diante desse quadro, as expressões "missão continental", "uma Igreja em permanente estado de missão", e "conversão pastoral" tão nossas latino-americanas foram integradas no vocabulário desse Sínodo. Os documentos de Aparecida foram continuamente citados; de fato, aqui na América Latina e Caribe, nós já nos debruçamos e procuramos soluções pastorais para os grandes problemas para os quais o Sínodo agora se voltou, em escala mundial.

Mas o Sínodo não ficou apenas em generalidades: desceu à consideração de problemas concretas e urgências pastorais como a necessidade de diálogo entre o Evangelho e cultura (pensamento moderno, ciência, universidades), a missão importantíssima dos leigos cristãos no processo da nova evangelização, o valor e o testemunho da vida religiosa e contemplativa no nosso mundo secularizado, a nova evangelização e os direitos humanos, a liberdade religiosa, o direito e dever de proclamar o evangelho, a promoção humana, a opção pelos pobres, o serviço da caridade, o cuidado com os idosos e doentes, migrações, valor e atualidade da doutrina social da Igreja.

Olhando mais para a vida interna da Igreja foram tratados temas como: a urgente necessidade de conversão da própria Igreja (pastores e fiéis), a santidade dos evangelizadores, a alegria com que o evangelho deve ser testemunhado, a iniciação cristã com seus três sacramentos, a catequese (sobretudo com adultos), os catequistas e o reconhecimento de seu ministério, o valor do Catecismo¸ a recuperação do sentido sagrado do domingo, a situação de muitos cristãos que vivem em contínuas ameaças por causa da fé (perseguições e martírio), a urgência da educação, a via da beleza como caminho de evangelização. A última parte das Proposições aborda o tema dos "agentes e participantes da Nova Evangelização": a diocese e pastoral orgânica, a paróquia como um dos eixos da nova evangelização, a beleza da liturgia e um grande apelo para os padres no aprendizado e aperfeiçoamento da ars celebrandi (arte de celebrar), a recuperação do valor do Sacramento da Penitência para todos cristãos, particularmente para os que retornam à Igreja, o importante papel dos fieis leigos (especial relevo às mulheres) e os movimentos de diversos tipos, a piedade popular, as peregrinações, a família cristã com suas crises e desafios, os jovens para os quais a Igreja olha com preocupação sim, mas com muita esperança, o diálogo ecumênico, inter-religioso, diálogo entre fé e ciência, os novos cenários urbanos, o átrio dos gentios (espaço de diálogo com os não crentes), o cuidado com o meio ambiente, etc.

As Proposições devem ser consideradas o documento principal do Sínodo; foi autorizada a publicação não oficial (oficiosa) de sua versão em inglês, que já está na internet. Um crítico ironizou as 58 proposições, citando o provérbio latino: "parturiunt montes, nascetur ridiculus mus" (engravidam-se as montanhas e nasce um ridículo ratinho). É desconhecer a densidade de cada uma delas, e muito mais a natureza do Sínodo. Em segundo lugar a Mensagem, de conteúdo denso, linguagem estimulante e bem comunicativa, é também documento do Sínodo; ela insiste no otimismo que deve tomar conta dos discípulos de Jesus e não o desânimo ou derrotismo diante das grandes dificuldades de evangelizar o mundo de hoje. Elas devem ser transformadas em novas oportunidades de anúncio do Evangelho. Fazem parte também do Sínodo as duas homilias de Bento XVI pronunciadas na abertura e na conclusão do Sínodo. São grandes meditações, a partir da Palavra de Deus, sobre o tema central do Sínodo.

O Papa tem falado frequentemente da "desertificação espiritual" que vive o mundo de hoje. No deserto, as estrelas brilham mais na noite escura; assim também deve brilhar mais o Evangelho no deserto espiritual do mundo de hoje, para que todos sejam por ele iluminados. Nesse sentido, é invocada a proteção de Maria, estrela da Evangelização e modelo supremo de discípulo de Jesus.

Para mim, a participação no Sínodo foi mais de enriquecimento pessoal do que de colaboração; consegui, sim, junto com outros, deixar algo numa proposição a respeito da catequese, catequistas e catecismo. Mas a riqueza recebida foi muito maior. Despeço-me de todos, agradecendo a paciência em seguir esses relatos e esperando ter contribuído para um maior conhecimento imediato do que ocorria por aqui. Auguro que todos possam também se enriquecer com mais esse impulso evangelizador provocado pelo Sínodo e lançar-se com o entusiasmo de sempre e mais ardor na transmissão da fé em Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Igreja.

Roma, 30 de Outubro de 2012, terça feira
 Pe. Luiz Alves de Lima, sdb.
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Notícias do Sínodo dos Bispos 22 - Pe. Lima
ENCERRAMENTO DO SÍNODO

O grande evento eclesial do Sínodo dos Bispos de 2012 foi encerrado com a solene liturgia eucarística, presidida pelo Papa e concelebrado pela maioria de seus participantes. Foi a quarta grande e bela liturgia da qual participamos durante o Sínodo. Como informei durante as três semanas, os únicos momentos de oração em comum dos cerca de 400 participantes, eram:

1. No início da manhã a récita da hora média da Liturgia das Horas (tércia) também com certa solenidade, quer pelos salmos todos cantados (a assembleia alternava com parte do coro da capela sistina presente), quer pela leitura breve com todos os ritos solenes da missa (entrada da Palavra de Deus ladeada pelos ceruferários) e proclamação solene do texto bíblico. Seguia-se uma homilia de 8 a 10 minutos proferida no primeiro dia pelo Papa, e depois por um dos padres sinodais (a penúltima, na sexta feira passada foi feita pelo brasileiro Dom Benedito Beni, bispo de Lorena, em italiano). Após a oração final, sempre se cantava uma das cinco antífonas tradicionais de Nossa Senhora, sempre em latim.

2. No início da sessão da tarde, rezava-se apenas uma simples oração de início de trabalho (Actiones nostras ou uma oração pelo bom êxito do Sínodo).

Entretando, quatro belíssimas e concorridíssimas Eucaristias, foram celebradas pelo Papa; concelebramos a primeira e última, e participamos da segunda e terceira. A primeira foi a abertura no dia 06 de Outubro; a segunda, no dia 11, comemorando os 50 anos do Concílio, 20 anos do Catecismo da Igreja Católica e abertura do Ano da Fé; a terceira foi no domingo dia 22, quando foram canonizados 7 santos de diversa procedência, cultura e que viveram modalidades diferentes de evangelização. A quarta e última, foi a Eucaristia de Conclusão do Sínodo, ontem, dia 28. As três primeiras, pelo seu caráter multitudinário, foram celebradas na Praça São Pedro, ao passo que a última foi dentro da maravilhosa Basílica Vaticana.

Entretanto, o imenso espaço litúrgico da Basílica Patriarcal do Vaticano tornou-se pequeno para acolher a grande quantidade de celebrantes e fieis que lá compareceram. Muitos tiveram que participar fora da basílica, através dos telões. Estavam presentes a quase maioria dos 400 participantes do Sínodo, cardeais, bispos, sacerdotes, revestidos dos paramentos solenes. Como sempre destacavam-se os de rito oriental, pomposos em seus trajes litúrgicos.

O momento sempre esperado é a homilia do Papa. E dessa vez, como sempre ele fez um magistral comentário ao texto da liturgia dominical (cego Bartimeu), falando da cegueira de muitas pessoas que vivem em regiões de antiga evangelização, onde a luz da fé se ofuscou, e se afastaram de Deus, deixando de considerá-Lo relevante para a própria vida e, portanto, necessitados de uma Nova Evangelização: “São as inúmeras pessoas que precisam de uma nova evangelização, isto é, de um novo encontro com Jesus, o Cristo, o Filho de Deus que pode voltar a abrir os seus olhos, a ensinar-lhes o caminho”. Não só para essas pessoas é necessária uma nova evangelização; ela é para toda a Igreja, que deve ser animada pelo fogo do Espírito.A partir de aí fez uma interessante síntese dos trabalhos conciliares, relevando esses três pontos:

1. O primeiro diz respeito à vida interna da Igreja, aos Sacramentos da Iniciação cristã. "É necessário fazer uma catequese que realmente inicie as pessoas (adultos, jovens e crianças) no mistério de Jesus, de tal modo que sejam bem preparadas para receber os três sacramentos: Batismo, Confirmação e Eucaristia". É interessante notar que, quando Bento XVI se refere a esses sacramentos, ele usa sempre essa ordem: batismo, confirmação e eucaristia, que não é a tradicional. Creio que ele pensa que deveríamos alterar a sequência dos sacramentos de iniciação cristã! Ao lado deles, está a importância do Sacramento da Penitência (tão acentuada durante o Sínodo) e a vida dos Santos, verdadeiros protagonistas da nova evangelização, através dos exemplos de vida que nos dão.

2. O segundo ponto da Nova Evangelização, conforme Bento XVI, é a missão ad gentes (aos povos pagãos), para a qual são chamados consagrados e leigos. Assim se expressou: “Foi afirmado, durante o Sínodo, que há muitos ambientes na África, Ásia e Oceania, onde os habitantes aguardam com viva expectativa – às vezes sem estar plenamente conscientes disso – o primeiro anuncio do Evangelho. Por isso é preciso pedir ao Espírito Santo que suscite na Igreja um renovado dinamismo missionário, cujos protagonistas sejam, de modo especial, os agentes pastorais e féis leigos”. Tal tipo de evangelização é facilitada pela globalização e a deslocação de populações dentro ou fora do país; os migrantes têm possibilidade de levar sua fé onde quer que estejam.

3. O terceiro ponto da nova evangelização diz respeito às pessoas batizadas, mas que não vivem as exigências do Batismo. Tais pessoas encontram-se em todos os continentes, especialmente nos mais secularizados. "A Igreja dedica-lhes uma atenção especial, para que encontrem de novo Jesus Cristo, redescubram a alegria da fé e voltem à prática religiosa na comunidade dos fiéis. Para além dos métodos tradicionais de pastoral, sempre válidos, a Igreja procura lançar mão de novos métodos, valendo-se também de novas linguagens, apropriadas às diversas culturas do mundo, para implementar um diálogo de simpatia e amizade que se fundamenta em Deus que é Amor". Para isso a Igreja se serve dos métodos tradicionais de pastoral e procura novos métodos, novas linguagens mais apropriadas para as diversas culturas do mundo. "O Pátio dos Gentios", assim como a "missão continental" mostram o esforço de criatividade pastoral para realizar essa missão.

Voltando ao cego Bartimeu, curado por Jesus, Bento XVI concluiu dizendo: "Assim são os novos evangelizadores: pessoas que fizeram a experiência de ser curadas por Deus, através de Jesus Cristo".

Como nas três missas anteriores, também nessa o rito foi soleníssimo, brilhou o coro da Capela Sistina, afinadíssimo e com novas e modernas melodias, conduzido pelo maestro salesiano Pe. Massimo Palombela. A orquestra de metais, novamente deu grande solenidade a Rito. Ao final da celebração, o diácono, ao invés de cantar a tradicional despedida, usou essas palavras: "A missa terminou, ide em paz anunciar o Evangelho".

Com essas palavras concluiu-se a XIII Assembleia Geral Ordinária dos Bispos, cada um retornando às próprias bases, com a sensação do dever cumprido, animados e cheios de entusiasmo, para não só como pessoas trabalharem na nova evangelização, mas sobretudo para serem animadores de seus irmãos no árduo e empenhativo trabalho de uma Nova Evangelização.

Roma, 29 de Outubro de 2012, segunda feira
Pe. Luiz Alves de Lima, sdb.

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